terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sobre a minha nova casa

Vinařská 5, 603 00 Brno. Esse é o meu novo endereço. Aqui têm 3 prédios pra acomodar os estudantes da universidade, além de um hotel. Meu apartamento fica no piso -1, ou seja, no primeiro piso do basement. S124, segundo o chaveirinho. A Kátia, minha roommate brasileira, foi logo avisando que o nosso quarto era ruim e que o do Mathias, nosso vizinho e também brasileiro, era bem melhor, todo reformado. Eles chegaram alguns dias antes de mim, e já tinham até feito uma limpeza, porque o quarto estava todo empoeirado. Minha rinite alérgica ficou em alerta! O banheiro aqui é meio estranho: o chuveiro e o vaso sanitário ficam em locais separados. Achei super interessante pra quem divide apartamento, afinal ninguém toma banho e faz cocô ao mesmo tempo! Hehehe! Mas olha que coisa bizarra: a pia fica dentro da banheira, ou seja, separada do vaso sanitário... isso é estupidez! Você usa o vaso e depois tem que sair de uma porta e entrar em outra pra lavar as mãos. E, se seu colega estiver tomando banho, você tem que lavar a mão na cozinha. Coisas de tcheco...


Tirando as duas partes do banheiro e a cozinha, que estão em um estado deplorável, o resto do quarto é legal! Embora eles ofereçam os lençóis e o travesseiro, achei melhor comprar tudo novo, porque sei lá a procedência desses troços! O mais engraçado foi carregar esse travesseiro de 90x70cm no ônibus!


Por enquanto eu e Kátia estamos usando o banheiro e a cozinha do Mathias, já que o colega de quarto dele ainda não chegou, mas não sei como as coisas serão nas próximas semanas. A nossa missão é conseguir mudar de quarto, o que não será fácil. Vamos usar de todo o charme brasileiro pra ver se sensibilizamos a tal da Mrs Jánska, a responsável pela residência. Como isso pode demorar e estava impossível viver aqui com 4 malas gigantes abertas no meio do quarto, fizemos uma super faxina nos armários pra colocar as roupas. Tão vendo como estou uma menina prendada? Fazendo faxina e tudo! Meu dote deveria até aumentar agora!


 Aos poucos vamos transformando esse apartamento em um lar. Coloquei várias fotos pra estar sempre vendo vocês e tentando silenciar essa saudade que grita aqui no peito!
Até mais, pessoal!

[Seu Jorge & Almaz - Tudo cabe num beijo]

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sobre como mandar mensagens pra mim

Hoje eu comprei um celular tcheco e descobri como vocês podem fazer pra me mandar mensagens. Aí vão as instruções! Primeiro entrem no site http://www.vodafonesms.cz/index.php?locale=en e na parte "send to number" coloquem 776708381. Depois assinem na parte "your name". Não é preciso preencher a parte "your number". Em seguida, escrevam a mensagem no step 2. Daí basta digitar os números no lado direito da tela (step 3) e clicar em "send". Prontinho!

Sobre a ausência de fotos

Ah, antes que alguém reclame, não tenho fotos da viagem, porque a câmera estava descarregada. Mas, pra que vocês possam ter certeza de que continuo inteira, posto estas fotos minhas e da Kátia nos divertindo com os chapéus da C&A daqui (pois é, aqui tem tb!).

Sobre a viagem

Finalmente cheguei em Brno, após umas 32 horas de viagem. Vou resumir um pouco da odisséia pra vocês, curiosos de plantão! De João Pessoa pra Guarulhos houveram muitas turbulências no meu coração, uma chuva fina e insistente nos meus olhos, mas sobrevivi. De São Paulo pra Frankfurt garanti meu espacinho no céu: troquei duas vezes de poltrona, atendendo a pedidos de famílias e casais de namorados que queriam ficar juntos, e acabei ao lado de um bebê! Isso é uma das piores coisas que podem acontecer durante um vôo, principalmente quando ele terá cerca de 12 horas de duração. Resultado: muita paciência e pouco sono. Pelo menos o  super avião high tech tinha uma televisão pra cada passageiro com várias coisas interessantes pra ver. Assisti Alice do Tim Burton e lembrei muito da minha querida Turma do Meio. Depois vi um filme  chamado Temple Grandin, sobre uma autista que se forma em engenharia e vira especialista em comportamento animal (recomendo pra Lucas). No resto do tempo fiquei jogando bejeweled e ouvindo The Killers. Cheguei em Frankfurt parecendo uma zumbi, com olheiras de assustar criancinhas fofas, loiras e de olhinhos azuis. Fiquei perdida durante 2 horas naquele maldito aeroporto gigante (tem até metrô de superfície pra ligar um terminal ao outro) até encontrar pessoas legais que me ajudassem a achar o local onde eu deveria fazer o check in. Porém, contudo, todavia, não havia nenhum funcionário lá, pois ainda faltavam umas 5h pro meu vôo. Pensei em explorar um pouco mais o aeroporto, mas fiquei com medo de me perder novamente, por isso resolvi sentar num local próximo e ler. Quem disse que eu consegui? Fiquei fascinada com a diversidade de pessoas que passavam pela minha frente! Gente de toda  nacionalidade, falando as línguas mais estranhas e vestindo as roupas mais engraçadas. Meu passatempo foi tentar adivinhar de onde elas vinham ou para onde iam e por quais motivos. Logo chegou a hora de embarcar. Bem, até aqui tudo foi lindo e maravilhoso, mas se preparem porque agora começa o drama da história. O vôo pra Praga atrasou e, qd eu lá cheguei,  o ônibus que deveria pegar pra Brno já tinha saído. Por incrível que pareça, não me desesperei. Já estava conformada que alguma coisa ia dar errado em alguma hora, tava tudo muito perfeitinho pra ser verdade! Fui procurar informações pelo aeroporto e aí começa a minha primeira impressão dos tchecos: chatos. Quando não sabiam falar inglês, logo se negavam a ajudar, e quando sabiam falar inglês explicavam tudo com muita impaciência. Já estava aceitando a idéia de passar a noite deitada em cima das malas no aeroporto quando resolvi pedir informação pra mais uma pessoa que (aleluia!) foi super simpática e me disse que eu deveria pegar um táxi e tentar alcançar o ônibus em uma outra estação. E lá vai Lila e suas 3 malas, que juntas pesavam uns 63 kg, pra essa tal estação. O motorista do táxi me deixou numa calçada e me apontou a direção. Lá fui eu arrastando as malas e abrindo portas, subindo escadas e arrastando as malas, arrastando as malas e errando o caminho, procurando informações e arrastando as malas... Conclusão: ser uma intercambista perdida sozinha na europa com várias malas pesadas é melhor do que qualquer academia! Pensam que algum tcheco se ofereceu pra me ajudar? Nunca! A única alma gentil foi um cara de Camarões que mora na Alemanha e veio puxar conversa e me ajudar a arrastar as malas. Ficamos conversando num inglês misturado com alemão misturado com linguagem de sinais até o ônibus dele chegar. O meu chegou pouco depois, e fui novamente arrastar as malas... pro lugar errado! O senhorzinho da empresa do ônibus começou a reclamar comigo em tcheco e eu não entendi nem meia palavra do que ele disse. Depois que todos tinham entrado no ônibus, eu entendi que deveria colocar as malas no outro lado e... quem disse que ele me ajudou a arrastar? Jamais! Ficou olhando pra mim com a cara amarrada. Quando finalmente sentei na minha poltrona e começou a passar O Espanta-Tubarões (com opção em inglês! ufa!) e uma mocinha passou oferecendo cappuccino de graça eu recuperei o bom humor. Tudo estava escuro, portanto não consegui observar a paisagem durante a viagem. Cheguei em Brno às 3h da madrugada e peguei um táxi pra residência da universidade. Ao chegar aqui, deparei-me com mais uma tcheca na recepção, que não sabia nadica de nada de inglês. Nessa hora comecei a me revoltar: como diabos colocam uma criatura que não fala nada de inglês na recepção de um alojamento pra estrangeiros??? E a cerejinha do topo do meu sundae de azar foi a infeliz coincidência de haver uma outra pessoa com chegada prevista pra o mesmo dia que eu e com o sobrenome Domingues. A moça da recepção se confundiu toda, queria me colocar em um hotel e me fazer pagar num sei quantas mil coroas tchecas e, o pior, ARRASTAR AS MALAS PRA OUTRO LUGAR! Mas então meu anjinho da guarda acordou e trouxe a Kátia (minha roommate) e o Mathias, os outros brasileiros que já haviam chegado. Eles me ajudaram a explicar a situação toda. Enfim, a moça entendeu que haviam dois Domingues diferentes e me deixou ir pro quarto certo. Nossa, eu estava exausta! Mas fiquei tão empolgada de encontrar a Ká e o Mathias que o sono passou e ficamos conversando até amanhecer! E assim terminou o primeiro de muitos capítulos desta saga. Tentarei ser mais breves nos demais, prometo! Muitas saudades de todos!

[The Script - The man who can't be moved]

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Era uma vez...

Eu nunca tive um diário. É fato que isso não é comum pra uma menina. Em todos os meus aniversários até uns 12 anos de idade eu ganhava um caderninho ou agendinha com essa finalidade, mas eles só serviam pra ocupar espaço na gaveta. Pra que serve um diário? Pra colocar meus segredos e correr o risco de alguém ler e descobrir? Pra escrever os momentos marcantes que poderia esquecer? Mas se tivessem sido mesmo tão marcantes eles já não estariam guardados na memória? Sempre achei que o tempo gasto enquanto se escreve um diário é tempo desperdiçado em viver novas coisas! Talvez por isso nunca tive interesse em fazer um blog. E cá estou eu, escrevendo em um. Contraditório, talvez...